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Associados Honorários

Associados Honorários são matemáticos ou cientistas cujo trabalho tenha contribuído de forma relevante para o desenvolvimento da matemática no Brasil. O título de Associado Honorário é concedido levando-se em conta os seguintes parâmetros: contribuição científica do pesquisador e seu impacto no desenvolvimento da Matemática, a formação de pesquisadores e o papel que estes exerceram ou exercem na Matemática brasileira e as marcas positivas que a atuação do cientista deixou na Matemática brasileira, bem como sua contribuição para projetá-la no exterior.

  1. Omar Catunda (eleito em setembro de 1977)
  2. Cândido Lima da Silva Dias (eleito em junho de 1979)
  3. Abdul Salam (eleito em junho de 1989)
  4. S. S. Chern (eleito em julho de 1989)
  5. René Thom (eleito em julho de 1989)
  6. Leopoldo Nachbin (eleito em julho de 2009)
  7. Mauricio Matos Peixoto (eleito em julho de 2009)
  8. Jacob Palis Junior (eleito em julho de 2009)
  9. Manfredo Perdigão do Carmo (eleito em julho de 2009)
  10. Djairo Guedes de Figueiredo (eleito em julho de 2009)
  11. Elon Lages Lima (eleito em julho de 2009)
  12. César Camacho (eleito em julho de 2011)
  13. Harold Rosenberg (eleito em julho de 2011)
  14. François Treves (eleito em julho de 2011)
  15. Ricardo Mañé (eleito em julho de 2011)

LEOPOLDO NACHBIN

Leopoldo Nachbin, juntamente com Mauricio Peixoto, é indiscutivelmente um dos grandes pioneiros da Matemática brasileira. Formou-se engenheiro, em 1943, aos 21 anos na Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil (hoje Escola Politécnica da UFRJ). Ainda estudante, publicou três trabalhos, mas o seu reconhecimento como matemático foi obtido ao publicar resultados pioneiros sobre Espaços Vetoriais Topológicos, dando uma contribuição significativa à recém criada Teoria das Distribuições de Laurent Schwartz e introduzindo os espaços atualmente conhecidos como os espaços de Hewitt-Nachbin. A sua carreira desenvolveu-se na Universidade do Brasil (hoje UFRJ), onde em 1972 tornou-se Professor Titular com a tese Topologia e Ordem, publicada em 1965 sob forma de livro. Em 1950, publicou o mais citado de seus trabalhos: A theorem of the Hahn-Banach type for linear transformations, que generaliza o teorema de Hahn-Banach e que ficou conhecido como o teorema de Nachbin. Foi o primeiro brasileiro convidado a proferir palestra num Congresso Internacional de Matemáticos, no ICM 1962 em Estocolmo. Além de inúmeros artigos científicos, publicou vários livros que fazem parte da literatura matemática universal. Orientou 21 alunos de doutorado, vindos de várias partes do mundo. Foi membro da Academia Brasileira de Ciências, membro da Academia de Ciências de Lisboa, membro correspondente da Real Academia de Ciências de Madrid, membro da Academia Nacional de Ciencias Exactas, Físicas y Naturales da Argentina, Doutor Honoris Causa da UFPE. Foi um dos fundadores do IMPA e do CBPF, instituições onde foi pesquisador. Foi o primeiro matemático a vencer o Prêmio Moinho Santista de Matemática, bem como o primeiro matemático a vencer o prêmio Bernardo Alberto Houssay para as Ciências Exatas da OEA. Foi professor visitante na Princeton University, na California University, na Brandeis University, na Faculté des Sciences de Paris, na University of Newcastle, na University of Rochester, na Chicago University e na Rutgers University. Participou da organização de vários Colóquios Brasileiros de Matemática.

MAURICIO MATOS PEIXOTO

Maurício Matos Peixoto é, antes de tudo, um pioneiro. Em uma época em que não existiam no país cursos de pós-graduação em matemática, formou-se como engenheiro aos 22 anos na Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil (hoje Escola Politécnica da UFRJ) em 1947, tendo sido colega de turma de Leopoldo Nachbin. Quatro anos mais tarde obteve o doutorado na mesma instituição, bem como a livre docência para a Cátedra de Mecânica Racional no ano seguinte. Como engenheiro que gosta de matemática interessa-se por questões de convexidade, publicou alguns artigos em revistas de circulação internacional, um deles no prestigioso Bulletin AMS, e visitou a universidade de Chicago durante dois anos. Durante outra viagem de pesquisa, passou um ano em 1957 na Universidade de Princeton para trabalhar com o grande matemático S. Lefschetz sobre um tema que nessa época não atraia quase nenhuma atenção: o estudo da estabilidade estrutural das soluções de equações diferenciais ordinárias. Publicou então em 1959, no Annals of Mathematics, um trabalho que pode ser considerado uma das pedras fundamentais da Teoria dos Sistemas Dinâmicos, dando assim o que poderia ser chamado de o pontapé inicial para uma teoria que hoje atingiu em enorme desenvolvimento. Foi professor na Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, na Brown University, no IMPA (do qual foi um dos fundadores junto com Leopoldo Nachbin) e na USP, além de ter sido membro fundador do CBPF. Em reconhecimento da sua obra, recebeu vários prêmios e distinções: Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências em 1949, o Prêmio Moinho Santista em 1969, o Prêmio TWAS em Matemática da Academia de Ciências do Terceiro Mundo em 1987 e a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico em 1994. Em 1974 foi convidado a proferir palestra no Congresso Internacional de Matemáticos de Vancouver. Orientou 11 doutores, alguns dos quais se tornaram influentes pesquisadores no Brasil e no exterior. Publicou cerca de 30 trabalhos, vários deles em revistas de excelente nível, como Bulletin AMS, Annals of Mathematics, Proceedings of the National Academy of Sciences e Topology, além de cinco livros. Além do seu papel na fundação de institutos de pesquisa como o IMPA e o CBPF, cabe ressaltar a sua atuação na presidência de importantes instituições tais como o CNPq e a Academia Brasileira de Ciências.

JACOB PALIS JUNIOR

Seus trabalhos contêm contribuições fundamentais que mudaram o panorama de diversas áreas de sistemas dinâmicos: estabilidade estrutural, dinâmica hiperbólica, bifurcações, módulos de conjugação, tangências homoclínicas, dimensões fractais, centralizadores, sistemas não hiperbólicos, e uma teoria global da dinâmica. As suas conjecturas têm alimentado muito da pesquisa realizada na área nas últimas duas décadas por pesquisadores de todo mundo. A sua lista de publicações apresenta mais de 80 itens, incluindo diversos artigos em Annals of Mathematics, Publications Mathematiques IHES, Acta Mathematica, Inventiones Mathematicae, e outras revistas do mais alto nível. Foi conferencista convidado no Congresso Internacional de Matemáticos de 1978 em Helsinki. Recebeu grande número de prêmios e distinções nacionais e internacionais, incluindo o Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia, o Prêmio Trieste, o Prêmio da Academia dei Lincei, a Grã Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico do Brasil e a Légion d’Honneur da França, entre muitos outros. É Doutor Honoris Causa por várias Universidades, bem como membro de diversas Academias de Ciências estrangeiras, tais como a National Academy of Sciences dos Estados Unidos, a Academia de Ciências da Noruega e a TWAS – Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento. Formou mais de 40 doutores, muitos dos quais se tornaram pesquisadores de destaque em 8 países distintos. Em particular, quatro dos seus ex-alunos foram conferencistas convidados no ICM (totalizando seis apresentações), dois deles receberam o prêmio Ramanujan e quatro receberam prêmios da TWAS. Teve, e continua tendo, atuação de liderança em diversas instituições científicas nacionais e internacionais (International Mathematical Union-IMU, International Council for Science-ICSU, Academy of Sciences of the Developing World-TWAS, Academia Brasileira de Ciências, União Matemática da América Latina e Caribe-UMALCA, CNPq, Instituto do Milenio, etc) que contribui de modo inigualável para o desenvolvimento da matemática brasileira e a sua projeção internacional.

MANFREDO PERDIGÃO DO CARMO

Manfredo do Carmo é uma das principais lideranças matemática do país e certamente já ocupa um lugar na história como um dos pilares que sustentam a matemática contemporânea brasileira. O seu trabalho científico influenciou várias gerações de matemáticos. Orientou 25 doutores que estão espalhados pelos quatro cantos do país e incluem diversas lideranças de grande destaque na comunidade. Publicou mais de 60 artigos científicos em revistas de primeira linha, dois deles no prestigioso Annals of Mathematics. As suas pesquisas varrem um amplo leque de temas relacionados com Geometria e Topologia, destacando-se, em particular, as suas contribuições à Geometria Riemanniana e às Superfícies Mínimas. É autor de vários livros que foram traduzidos em diversos idiomas e são considerados clássicos da literatura matemática mundial pela sua abrangência, clareza e elegância. Como professor, é sempre citado com admiração pelos seus alunos não só pelos seus ensinamentos matemáticos, mas também pela grandeza de sua figura humana. Em reconhecimento ao seu trabalho, Manfredo recebeu vários prêmios e distinções ao longo da sua carreira. Em 1971 foi eleito Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências, em 1978 foi conferencista convidado no Congresso Internacional de Matemáticos de Helsinki, em 1984 recebeu o Prêmio Almirante Álvaro Alberto do CNPq, em 1991 recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Alagoas, em 1992 recebeu o prêmio TWAS - Matemática da Third World Academy of Sciences, em 1995 a Grã Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico e em 2000 a Comenda Graciliano Ramos da Câmara Municipal de Maceió.

DJAIRO GUEDES DE FIGUEIREDO

Seus trabalhos matemáticos contêm notáveis contribuições à teoria das equações diferenciais parciais, principalmente em várias áreas importantes das equações não lineares: problemas elípticos semilineares, equações elípticas não lineares, métodos variacionais e métodos topológicos, mas também obteve resultados importantes em Análise Funcional pura. Sua lista de publicações apresenta mais de 80 trabalhos em jornais de circulação internacional, incluindo artigos em jornais de alto impacto como Communications in Pure and Applied Mathematics, Bulletin of the AMS, Journal of Functional Analysys, Journal de Mathématique Pures et Appliquées, Journal of Diff. Equations, Transactions of the AMS, Mathematische Annalen, Communications in PDE, etc. Uma indicação do impacto de suas pesquisas pode ser aferida pelo fato de seus trabalhos terem sido citados mais de 900 vezes por mais de 500 pesquisadores. Em particular, seu trabalho fundamental em colaboração com P. L. Lions e R. Nussbaum sobre soluções positivas de operadores semilineares elípticos tem mais de 90 citações. O peso que aquelas áreas de EDP não lineares que ele impulsionou têm hoje na matemática brasileira revelam a importância do seu papel no desenvolvimento da Análise no Brasil. Recebeu diversos prêmios e distinções nacionais e foi bolsista Guggenheim em duas oportunidades. Formou mais de 20 doutores, vários dos quais são hoje conhecidos pesquisadores que atuam, não apenas nas universidades em que exerceu a docência e a pesquisa, a UNB e a UNICAMP, mas em várias instituições de diversas regiões do Sul, Centro Sul, Norte e Nordeste do Brasil.

ELON LAGES LIMA

Seus trabalhos matemáticos abordaram dois temas principais. Inicialmente interessou-se pela topologia algébrica. Nessa área fez contribuições notáveis, particularmente a introdução da noção de espectro de espaço topológico, que hoje constitui uma das idéias avançadas mais fundamentais para a pesquisa na área.Trata-se de conceito de tal modo central que, segundo Spanier, "passou diretamente da tese de E. Lima para os livros texto e agora é muitas vezes citada sem crédito ao seu inventor". Posteriormente, interessou-se pela topologia diferencial, particularmente o estudo de campos de vetores que comutam, que tem importantes aplicações na teoria das folheações. Nesse tema escreveu uma sequência de artigos publicados nos Annals of Mathematics, Commentarii Mathematici Helvetici, e outras revistas. Além das aplicações já mencionadas, os seus resultados também viriam a inspirar importante trabalho de C. Bonatti na década de 1990, igualmente publicado nos Annals of Mathematics. Teve papel singular de enorme destaque no estímulo das vocações de muitos dos mais brilhantes jovens matemáticos brasileiros. A sua orientação teve um papel determinante na sua definição das vocações de pesquisadores do calibre de Artur Avila (seu aluno de mestrado), Bruno Scárdua, Carlos Gustavo Moreira, Jonas de Miranda Gomes (também aluno de mestrado) e Ralph Teixeira, entre outros. Igualmente notável é a sua contribuição à criação de uma literatura matemática brasileira. Nesse âmbito destaca-se tanto a sua atuação à frente da SBM e do IMPA, incluindo a criação de diversas coleções, como a sua contribuição enquanto autor, sem dúvida o mais produtivo no cenário nacional na área. Desde 1990 dirige um programa de capacitação de professores do ensino médio de alta qualidade e que vem se expandindo.

CESAR LEOPOLDO CAMACHO

Cesar Camacho nasceu em 15 de abril de 1943 em Lima, Peru. Obteve a graduação em Ciências Físicas e Matemáticas em 1964, pela Universidad Nacional de Ingenieria, Lima, o titulo de Mestre pelo IMPA, em 1966 e o Doutorado em Matemática pela U.C. Berkeley, em 1971, sob a orientação de Stephen Smale. É pesquisador do IMPA desde 1972, instituição na qual desenvolveu seu trabalho matemático.  Suas atividades de pesquisa envolvem as áreas de Dinâmica Complexa e de Folheações Holomorfas, para as quais deu contribuições muito significativas e, há que citar, seu trabalho em conjunto com Paulo Sad sobre a existência de separatrizes em dimensão dois. Escreveu mais de 40 artigos e vários livros, recebendo em torno de 400 citações por mais de 200 autores.  Desenvolveu, ao longo de sua carreira, intensa colaboração com pesquisadores estrangeiros e, pelos franceses, é tratado como o fundador da “Escola Brasileira” de Folheações Holomorfas. Seu trabalho na formação de doutores teve um efeito nucleador muito importante no país e no exterior. Formou 17 doutores, que exerceram e/ou exercem forte influência no desenvolvimento da Matemática no Brasil e além de nossas fronteiras. Citamos, entre outros, Alcides Lins Neto, Bruno Scárdua e Jorge Vitório Pereira. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências, membro do Conselho Científico do CIMPA, França, Presidente do Conselho Científico do IMCA, Peru, foi presidente da SBM em duas ocasiões, foi um dos fundadores da UMALCA, da qual foi membro do comitê executivo, é gestor de convenio com o ICTP, voltado para o desenvolvimento da Matemática na América Latina, é um dos fundadores e gestores do programa da OBMEP, voltado para o ensino da Matemática e um dos programas de grande expressão no âmbito da Educação no país. É diretor do IMPA desde 2004. Entre os prêmios e honrarias a ele concedidos citamos o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia, CNPq (1996), o Prêmio TWAS da área de Matemática (1996), a Grã Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (2000) e o Premio Concytec, Peru (2004); é professor honorário da Pontifícia Universidad Católica del Peru (1997) e da Universidad Mayor de San Marcos (1999) e Doutor Honoris Causa pela Universidad Nacional de Ingenieria, Peru (1998) e pela Universidad de Valladolid, Espanha (2007).

HAROLD ROSENBERG

Harold Rosenberg nasceu em 19 de fevereiro de 1941 na cidade de Nova Iorque. Obteve a graduação (1960) e o doutorado em Matemática (1963) pela U.C. Berkeley, sob a orientação de Stephen Diliberto. Iniciou sua carreira com uma posição na Universidade de Columbia (1963-66) e após isso se radicou na França, primeiramente como visitante no IHES (1966-68) e em seguida teve posições, como Maître de Conférences (1968-71) e Professor (1971-77) na Universidade Paris XI, Orsay. Em 1981 tornou-se professor na Universidade Paris VII. É Pesquisador Extraordinário do IMPA. É um matemático que realizou contribuições fundamentais à sua área de pesquisas e possui uma profunda vinculação com a ciência brasileira. Trabalha atualmente na área de superfícies mínimas e de curvatura média constante. Algumas de suas contribuições fundamentais incluem um estudo detalhado da topologia e geometria das superfícies mínimas duplamente periódicas, o estabelecimento do princípio do máximo no infinito para superfícies mínimas, e, finalmente, o extraordinário resultado que o helicóide é, além de plano, a única superfície mínima simplesmente conexa e propriamente mergulhada. Segundo o destacado geômetra R. Schoen: "Rosenberg é hoje, provavelmente, a figura mais importante na teoria geométrica das superfícies mínimas." Escreveu mais de 110 artigos e vários livros, recebendo em torno de 850 citações por mais de 300 autores. Seu trabalho na formação de doutores foi de altíssima expressão. Formou 32 doutores, 5 dos quais brasileiros. Citamos, entre outros muito distinguidos, 4 de seus ex-alunos: Norbert A’Campo, Michael Herman, Robert Roussarie e Robert Moussu.  Os brasileiros por ele orientados são: Claudemir Silvino Leandro, Geraldo de Oliveira Filho, Pedro Roitman, Fabiano Gustavo Braga Brito e Ronaldo Freire. Recentemente foi co-orientador de Abigail Folha (UFRJ), Ana Lucia Pinheiro Lima (UFRJ), Carlos Diosdado Espinoza Peñafiel (PUC-RIO) e Sofia Carolina da Costa Melo (UFRJ). A sua influência no Brasil é tão ampla que, por ocasião dos seus 60 anos, foi organizada na França uma reunião comemorativa que se chamou Seminário Franco-Brasileiro de Geometria, Folheações e Sistemas Dinâmicos. A presença brasileira nessa reunião foi marcante. É membro correspondente da Academia Brasileira de Ciências (2004), foi agraciado com o Prêmio Marie Guido-Triossi - Académie des Sciences de Paris (1987) e é detentor Grã Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (2005).

JEAN FRANÇOIS TREVES

François Treves nasceu em 23 de abril de 1930 em Bruxelas, na Bélgica, filho de pais italianos. Passou a primeira parte de sua infância na Bélgica e depois se transferiu com sua família para  Itália. Lá ele morou até os 18 anos quando mudou-se para França, onde  estudou na Universidade de Paris (La Sorbonne) obtendo a Licence des Sciences  em 1952 e o Doctorat d’État em 1958, sob  a orientação do matemático francês Laurent Schwartz.  Em seguida deslocou-se para os Estados Unidos, onde foi professor assistente na Universidade da California (Berkeley), de 1958 a 1960, professor associado na Yeshiva University  de 1961 a 1964, professor titular na Purdue University de 1964 a 1970, e professor titular na Rutgers University de 1970. Nesta instituição,  onde trabalhou até sua aposentadoria em 2005, orientou 15 dos seus 18 alunos de doutorado, incluindo os brasileiros  Antônio Giglioli, prematuramente falecido, e  Paulo Cordaro bem como o argentino naturalizado brasileiro Jorge Hounie, além de ter tido profunda influência na tese do brasileiro Adalberto Bergamasco. Embora sua carreira acadêmica tenha se desenvolvido nos Estados Unidos, passou longos períodos no estrangeiro, estabelecendo frutíferos contatos com pesquisadores de diversos países, entre eles, Suécia, Índia, China, Japão, Austrália, França, Itália e Brasil, tendo visitados estes três últimos com frequência. Desenvolveu atividades de pesquisa nas áreas de Equações Diferenciais Parciais Lineares e Análise Complexa Multidimensional, com contribuições significativas ao problema da resolubilidade local para equações lineares de tipo principal (em colaboração com L. Nirenberg) e em problemas envolvendo sistemas involutivos de campos vetoriais complexos, sendo particularmente significativo o resultado obtido em colaboração com M.S. Baouendi em 1981, e que hoje é conhecido como a “Fórmula de Aproximação de Baouendi-Treves”.  Escreveu mais de 150 trabalhos e vários livros cuja influência pode ser estimada pelo fato de terem sido citados em 1200 oportunidades por mais de 900 pesquisadores. Recebeu, em 1972, o Prêmio Chauvenet, pelo “survey” On local solvability of linear partial differential equations (Bulletin AMS) e, em 1991, o Prêmio Leroy P.  Steele por seu livro Pseudodifferential and Fourier Integral Operators. Em 4 de junho de 2003 foi eleito membro estrangeiro da ABC em reconhecimento á importância do seu papel no desenvolvimento da  Análise Matemática no Brasil, envolvimento este que teve início com sua primeira visita ao Brasil em 1960. Em 24 de abril de 2004 recebeu a Laurea Specialistica Honoris Causa in Matemática pela Universidade de Pisa.

RICARDO MAÑÉ

Ricardo Mañé Ramirez nasceu em Montevidéu, Uruguai, em 14 de janeiro de 1948. Iniciou seus estudos de Matemática no Uruguai mas, antes mesmo de concluir o bacharelado, partiu para o Brasil aos 23 anos, para ingressar no programa de doutorado do IMPA sob a orientação do prof. Jacob Palis, tendo obtido o título de doutor em 1973.  Desenvolveu toda a sua carreira científica no IMPA, onde foi pesquisador durante 22 anos. Foi um dos matemáticos mais originais e criativos do seu tempo, com trabalhos revestidos de forte ineditismo e cobrindo numa grande diversidade de temas em Sistemas Dinâmicos, muitos dos quais com conexões com a Probabilidade, as Equações Diferenciais Parciais e a Análise Complexa. Em seus artigos deu contribuições duradouras em temas tais como: estabilidade estrutural e hiperbolicidade, equações de evolução, teoria ergódica, dinâmica uni-dimensional, dimensões fractais, dinâmica de transformações racionais, bifurcações de fluxos, expoentes de Lyapunov, fluxos geodésicos e fluxos lagrangeanos. A sua tese de doutorado se inseria no coração de um amplo programa de pesquisa, concebido por Steven Smale no início dos anos sessenta. Smale havia introduzido a noção de sistema dinâmico hiperbólico e observado que hiperbolicidade assegura que certas propriedades dinâmicas são robustas sob pequenas perturbações do sistema. De fato, Palis e Smale conjecturaram que hiperbolicidade seria essencialmente equivalente a estabilidade estrutural do sistema dinâmico (Conjectura da Estabilidade). Mañé provou que a propriedade chamada de hiperbolicidade normal é condição não apenas suficiente, mas também necessária, para a robustez de subvariedades invariantes pelo sistema. Este, e outros resultados profundos que obteve posteriormente, incluindo o famoso closing-lemma ergódico, lhe abriram o caminho para a prova da Conjectura da Estabilidade para difeomorfismos de classe C1. Este resultado, obtido em 1988, constitui a maior realização do programa de Smale e deu origem a diversas outras contribuições de primeira linha por diversos autores. Sua grande influência na matemática brasileira e sul americana se deu principalmente pela força de suas ideias e pela colaboração científica com colegas pesquisadores, tais como Maria José Pacífico, Artur Lopes, Paulo Sad e Cesar Camacho. Foi autor de 51 publicações, entre artigos e livros, obtendo a marca de 1333 citações por 750 autores. O seu livro Introdução de teoria ergódica foi traduzido para inglês e publicado pela Springer Verlag. Orientou 11 alunos de doutorado, de seis países. Foi conferencista convidado no International Congress of Mathematicians por duas vezes, o que constitui rara distinção: no ICM 1983 de Varsóvia e no ICM 1994 de Zurique. Em 1994 tornou-se membro titular da Academia Brasileira de Ciências e recebeu o Prêmio da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS). Seu passamento prematuro aos 47 anos de idade representou uma brusca interrupção do trabalho de um grande matemático.